Enfarte Agudo do Miocárdio
O Enfarte Agudo do Miocárdio apresenta-se
como a principal causa de morbilidade e mortalidade mundial, e consiste
na perda irreversível de tecido muscular cardíaco, devido a necrose do
mesmo. A necrose ocorre geralmente devido a uma ineficiência no
fornecimento de oxigénio e nutrientes ao músculo cardíaco, devido a uma
interrupção no fluxo sanguíneo das artérias responsáveis por esse
fornecimento de nutrientes, as artérias coronárias.
Geralmente o fluxo é interrompido numa
artéria coronária devido a um trombo que vai aparecer numa zona afectada
por aterosclerose. As placas de aterosclerose que se formam nas artérias
coronárias por vezes sofrem ruturas, devido ao seu tamanho e constante
agressão pela passagem de sangue, expondo ao sangue os seus
constituintes e formando uma massa, denominada de trombo, que vai ocluir
a artéria ou artérias afectadas, levando a que o fluxo sanguíneo seja
interrompido e ocorra a necrose referia anteriormente. Os factores de
risco mais importantes para a ocorrência de um enfarte do miocárdio são:
colesterol elevado, diabetes mellitus, tabagismo, história
familiar de doença cardiovascular e ser do sexo masculino (pois os
homens têm uma incidência naturalmente maior que as mulheres de doença
cardiovascular).
Sintomas
Os sintomas e apresentação clínica de
indivíduos com Enfarte Agudo do miocárdio são diversos, e podem ir da
ausência total de sintomas, até à síncope e morte súbita cardíaca; a
severidade dos sintomas pode não estar associada à gravidade e extensão
do enfarte sofrido. Os sintomas típicos de enfarte passam por dor no
peito, que pode ser comparada a uma pressão ou aperto no tórax, que não
alivia ou piora com a inspiração ou com movimentos, irradiação da dor no
peito para o pescoço, mandíbula, ombros, braços ou costas; falta de ar,
tonturas, náuseas e vómitos e suor profuso.
Diagnóstico
O diagnóstico de Enfarte Agudo do
Miocárdio assenta numa tríade de característica em que, dessas 3, pelo
menos duas devem estar presentes: sintomatologia que levante a suspeita
de EAM, alterações no Eletrocardiograma e aumento dos biomarcadores
cardíacos nas análises sanguíneas (preferencialmente Troponinas). Se
dois destes factores estiverem presentes (ex: alterações no
Electrocardiograma e sintomas típicos), podemos então diagnosticar
Enfarte Agudo do Miocárdio.
As alterações electrocardiográficas para
diagnóstico de Enfarte Agudo do Miocárdio passam por um
supradesnivelamento do segmento ST ≥ 2mm nos homens, ou ≥ 1,5mm em
mulheres nas derivações de V2-V3, ou ≥ 1mm em pelo menos 2 derivações
contíguas precordiais ou dos membros em indivíduos sem Bloqueio Completo
de Ramo Esquerdo ou Hipertrofia Ventricular Esquerda. Os enfartes com
esta apresentação electrocardiográfica são denominados de STEMI (Enfarte
com Supradesnivelamento de Segmento ST). Podem ocorrer enfartes sem que
exista esta apresentação descrita, nesses casos dá-se o nome de NSTEMI
(Enfarte Sem Supradesnivelamento do Segmento ST).
Os biomarcadores cardíacos são obtidos
após de análise sanguínea, e o seu aumento traduz uma lesão no músculo
cardíaco, sendo por isso as suas concentrações de importância
diagnóstica para casos de enfarte. Devido à sua elevada sensibilidade e
especificidade para o miocárdio, a Troponina é o biomarcador mais
utilizado.
Tratamento
Sendo que, como foi referido
anteriormente, o enfarte ocorre quando existe um impedimento ao normal
fluxo sanguíneo nas artérias coronárias, o principal objectivo nestes
indivíduos é o de desobstruir a artéria obstruída, por forma a
reestabelecer a circulação e minimizar, ou mesmo impedir, danos
permanentes ao miocárdio. Dependendo do tempo de evolução de um enfarte,
e do tipo do mesmo (STEMI ou NSTEMI), o tratamento vai ser diferente. O
tratamento ideal, devido à sua eficácia e ao facto de não ser totalmente
invasivo, é a Intervenção Coronária Percutânea. Neste procedimento é
introduzido um cateter através de uma artéria (normalmente a femoral).
Esse cateter é levado, através da circulação arterial, até às artérias
coronárias, mais especificamente até à zona da obstrucção, onde se vai
colocar um cateter com um pequeno balão. Este balão vai ser insuflado
dentro da artéria coronária, na zona obstruída, abrindo assim a artéria
(angioplastia). Após reaberta, ela mantem-se aberta devido a uma malha
metálica presente à volta do balão previamente insuflado. O balão ao
insuflar, vai abrir essa malha metálica (denominada de stent),
que se mantém em posição, sustentando a artéria coronária. Existem
outros métodos de reperfusão, nomeadamente a trombólise farmacológica.
Este método deve ser realizado se o doente não se encontrar a 120min de
uma instituição hospitalar capaz de realizar intervenção coronária
percutânea (ICP), ou se o tempo de evolução for superior ao limite para
a realização de ICP primária.
Após este procedimento, estes indivíduos
têm de ser controlados, no que diz respeito aos seus factores de risco.
Esse controlo passa por mudanças no estilo de vida (controlo da pressão
arterial, cessação do tabagismo, controlo do peso e alimentação,
realização de programas de reabilitação cardíaca) e por terapêutica
farmacológica.
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