Café como Antioxidante
Os
antioxidantes são substâncias que retardam a velocidade da oxidação,
através de um ou mais mecanismos, tais como inibição de radicais livres
e complexação de metais. A glutationa (GSH) é um importante antioxidante
endógeno e cofator do metabolismo desintoxicante, enquanto a y-glutamilcisteína
sintase (y-GCS) é a enzima limitante da taxa de síntese de GSH e
é um importante regulador da capacidade antioxidante endógena. Estudos
recentes mostram que o consumo moderado de café aumenta substancialmente
o nível de GSH no plasma de indivíduos saudáveis. Há, entretanto, outros
factores além da fracção lipofílica da infusão de café, que contribuem
para a capacidade antioxidante total. O N-Metilpiridinium é um
desses factores, comprovadamente capaz de incrementar a atividade da GST
no plasma de ratos. De notar que o consumo de café é uma exceção, já que
exerce uma função antioxidante dupla. Primeiro, o café por si só exibe
propriedades antioxidantes e, segundo, o café contém substâncias
químicas que ativam o sistema de defesa antioxidante endógeno.
Os antioxidantes desempenham um papel
crucial na prevenção ou eliminação da autoxidação e tem atraído muita
atenção como aditivos na comida. Tanto os antioxidantes sintéticos como
naturais são amplamente usados em alguns produtos alimentares. Os
antioxidantes naturais têm sido desenvolvidos desde a década passada,
principalmente devido ao aumento da limitação do uso de antioxidantes
sintéticos e aumento da consciencialização da população das
características da saúde. Em geral, os consumidores preferem os
antioxidantes naturais porque são considerados seguros e melhores para o
ambiente.
Estima-se que o café tenha sido descoberto
há mais de mil anos no Médio Oriente, sendo os árabes os primeiros a
cultivar o café e a usá-lo como bebida. Historicamente, o consumo de
café tem sido, frequentemente, associado a comportamentos não saudáveis,
tais como: tabagismo, consumo excessivo de álcool, dietas pobres e
estilo de vida sedentário.
No entanto, descobertas recentes têm dado
ao café uma imagem mais positiva, havendo dados que sugerem que o
consumo de café tem efeitos benéficos sobre a saúde. O principal uso do
café era devido à sua cafeína para o combate à moleza e ao cansaço e
para melhorara muitas das performances cognitivas, embora, mais
recentemente, dados sobre a sua atividade antioxidante tenha aumentado o
interesse neste produto.
No que respeita às atividades fisiológicas
e metabólicas, o café é conhecido pelas suas qualidades tonificantes,
que ativam o sistema nervoso, reforça a percepção e diminui o cansaço. A
maior parte destas atividades estão associadas à cafeína.
O
café contém uma série de substâncias, na sua maioria, biologicamente
ativas. Dois diterpenos, cafestol e caveol, podem ser encontrados em
níveis significativos no café. Estes componentes são componentes
naturais dos grãos de café e são libertados através da torrefacção e da
moagem, pela água quente. O café é também uma fonte rica em muitos
outros componentes que podem contribuir para sua atividade biológica
como por exemplo potássio, niacina, magnésio e substâncias. Esta bebida
contém ainda diversas espécies de xantenos como por exemplo a cafeína,
teobromina e teofilina. Contém também compostos fenólicos, entre eles,
os ácidos clorogénicos como o ácido cafeíco, ferúlico e o ácido
p-cumárico. Os ácidos clorogénicos constituem os principais e mais
abundantes compostos fenólicos com propriedades antioxidantes no café e
são de grande interesse económico devido à sua degradação, durante a
torrefacção, em compostos responsáveis pelo sabor e aroma da bebida.
Estes compostos têm sido ainda sugeridos como potencialmente
quimioprotetores em diferentes sistemas químicos e biológicos.
A
cafeína é o mais conhecido constituinte do café devido às suas
propriedades fisiológicas e farmacológicas. A bebida previne ainda
doenças como Parkinson, depressão, alcoolismo, cirrose e tendências de
obesidade. Além de tudo, o café pode ser considerado uma bebida light
pela baixíssima concentração de gorduras. É um alcalóide
farmacologicamente ativo pertencente ao grupo das xantinas, altamente
resistente ao calor, inodoro e com sabor amargo bastante característico
que contribui de forma importante para o sabor e aroma do café. A
cafeína e os seus metabolitos também foram demonstrados como
antioxidantes. De todos os constituintes do café, apenas a cafeína é
termostável, isto é, não é destruída com a torrefacção excessiva.
Entre os componentes do café, os compostos
heterocíclicos lipossolúveis incluindo furano, pirrol e maltol
demonstraram possuir funções antioxidantes mais fortes, comparado às
soluções aquosas. As bebidas de café também foram avaliadas quanto à sua
capacidade protetora do DNA através da supressão de sistemas geradores
de radicais hidroxilo. Neste caso, a cafeína e os seus metabolitos,
teobromina e xantina, parecem possuir forte efeito protetor do DNA. A
cafeína e os compostos polifenólicos que estão presentes em altos teores
incluindo ácidos clorogénicos e seus produtos de degradação, têm sido
considerados bons candidatos a responsáveis pelo papel/efeito protetor
do café. Outros estudos sobre a capacidade antioxidante do plasma antes
e depois da suplementação com café filtrado e referiram que o aumento
registado na capacidade antioxidante do plasma, após a suplementação,
estava, provavelmente, ligado aos componentes fenólicos na infusão de
café. O consumo de café pode, portanto, prevenir doenças pelos seus
efeitos antioxidantes.
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