Conceito de Antibióticos em Alimentos
Os antibióticos são compostos que podem
ser naturais, semi-sintéticos e sintéticos com atividade antimicrobiana
e são amplamente usados em animais que posteriormente irão originar
alimentos. Estes antibióticos são utilizados quer para o tratamento ou
prevenção de doenças, quer como um aditivo alimentar para aumentar o
peso dos animais. A sua má utilização pode deixar resíduos nos tecidos
animais comestíveis, podendo originar problemas de saúde pública
(efeitos tóxicos, desenvolvimento de resistência por parte de bactérias,
reações de hipersensibilidade alérgica, etc).
Os animais são criados e alimentados com
rações formuladas de modo a aumentar as suas taxas de crescimento e
eficiência quando convertidos em alimentos. As rações atuais contêm
misturas de produtos de origem vegetal, bem como de outros ingredientes
que vão desde desperdícios animais a antibióticos. A inclusão destes
ingredientes nas rações pode resultar na presença de uma gama de agentes
biológicos, químicos e de outras etiologias nos alimentos que podem
afetar a qualidade e segurança de produtos alimentares baseados em
animais e por isso o uso de antibióticos na alimentação dos animais é
também um problema de saúde pública.
Além das rações, os antibióticos são
também administrados na água que os animais consomem com o mesmo intuito
de viabilizar as criações intensivas na melhoria das taxas de
crescimento, na eficiência alimentar e diminuindo a mortalidade devido a
infeções clínicas e subclínicas. Muitos destes antibióticos são os
mesmos compostos que os administrados em humanos em casos clínicos, e
incluem tetraciclinas, macrolídeos, estreptograminas e fluoroquinolonas.
O uso de antibióticos em doses
sub-terapêuticas como promotores de crescimento levou, em várias décadas
de uso, à seleção de bactérias resistentes a antibióticos existentes na
microflora intestinal dos animais tratados com a potencial transmissão
intrínseca para os humanos através da cadeia alimentar. Consequentemente
os efeitos na saúde humana podem incluir o aumento de infeções
bacterianas (antibiótico-resistentes e não-resistentes) e o aumento do
risco de desenvolver doenças crónicas, normalmente fatais. Assim, têm-se
dado muita atenção ao papel que os alimentos derivados de animais
desempenham na aquisição e persistência da resistência a antibióticos em
humanos por parte de algumas bactérias. A principal ameaça associada à
resistência a antibióticos nas bactérias comensais é o risco da
transferência dos seus determinantes genéticos para a bactéria
patogénica, prejudicando assim o sucesso dos antibióticos no tratamento
das infeções microbianas mais comuns.
As tetraciclinas, por
exemplo, são habitualmente aplicadas em animais para produção de
alimentos como medicamentos veterinários devido ao seu largo espectro de
atividade contra microrganismos patogénicos, baixo grau de toxicidade e
baixo custo. Na saúde humana, este antibiótico é utilizado no tratamento
de várias infeções, como infeções das vias respiratórias, genitais e
urinárias, da pele como acne e em infeções causadoras de
úlceras
no estômago. A sua administração inapropriada pode levar à permanência
de resíduos nos alimentos e levar ao aparecimento de resistência a este
antibiótico por parte de algumas bactérias envolvidas no aparecimento
das doenças anteriormente referidas.
Os nitrofuranos são
drogas que têm sido amplamente utilizadas no tratamento de infeções
gastrointestinais de bovinos, porcos e aves. Devido às suas
características carcinogénicas e mutagénicas o
uso
de nitrofuranos foi introduzido
entre os
químicos proibidos nas rações de animais para consumo humano na União
Europeia.
O uso de quinolonas
levou ao aumento significativo de resistência antibacteriana, originando
por isso consequências na
saúde pública e
por isso o seu uso é proibido em animais cujos ovos são produzidos para
consumo humano.
Ou seja os
antibióticos podem ser ingeridos, não só propositadamente como terapia
clínica mas também de um
modo indireto
através de alimentos que se ingerem no dia-a-dia devido ao seu uso
durante o desenvolvimento dos alimentos, quer em plantas como pesticidas
e herbicidas, quer em animais. Uma vez que os alimentos podem então
conter vestígios de antibióticos, serão então deste modo ingeridos pelo
Homem podendo causar problemas de saúde, por vezes graves.
Bibliografia:
-
Barkema
H.W, Schukken Y.H., Zadoks R.N., (2006), Invited Review: The
Role
of Cow, Pathogen, and Treatment Regimen in the Therapeutic Success of
Bovine Staphylococcus aureus Mastitis,
Journal of Dairy Science,
Vol. 89 No. 6, 1877-1895;
- Bezanson
G.S., MacInnis R., Potter G., Hughes T., (2008), Presence
and
potential for horizontal transfer of antibiotic resistance in oxidase-positive
bacteria populating raw salad vegetables. International Journal of Food
Microbiology, Vol.127, 37–42;
- Devirgiliis
C., Caravelli A., Coppola D., Barile S.,
Perozzi
G., (2008), Antibiotic resistance and microbial composition along the
manufacturing process of Mozzarella di Bufala Campana. International
Journal of Food Microbiology, Vol.128, 378–384;
- Kowalski
P., (2008), Capillary electrophoretic
method
for the simultaneous determination of tetracycline residues in fish
samples. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis,
Vol.47, 487–493;
- Rodziewicz
L., (2008), Determination
of nitrofuran metabolites in milk by liquid chromatography–electrospray
ionization tandem mass spectrometry. Journal of Chromatography B,
Vol.864:,156–160;
- Sapkota
A.R., Lefferts
L.Y., McKenzie S., Walker P., (2007), What Do We Feed to Food-Production
Animals? A Review of Animal Feed Ingredients and Their Potential Impacts
on Human Health.
Environmental Health Perspectives,
Vol.115 nº5, 663–670;
|
Procure outros termos na nossa enciclopédia
|
|
|
