Desenvolver a
Região de Viseu: contribuição para um debate
Visitando o
Distrito de Viseu há cerca de oito anos, com
alguma regularidade, tenho tido a oportunidade
de contactar com diversos tipos de organizações
e de interlocutores. Todos eles, sem excepção,
se manifestam preocupados com o desenvolvimento
da sua região, com a procura de soluções que
estimulem o ambiente de negócios e propiciem um
crescimento sustentado que a região merece.
Mas a grande
questão reside exactamente aí. A quem cabe a
iniciativa do desenvolvimento? Que soluções, que
modelos, que actores? Qual o nível das parcerias
públicas e privadas? O que se faz para se
promover a mudança ou a eficiência
organizacional nas empresas?
Vários estudos e
diagnósticos da região foram já efectuados por
reputadas organizações como o CEC, a AIRV e a
ADIV, de entre outros, mas, muitas vezes, alguns
dos agentes aguardam ainda a “mão paternal” do
Governo.
No meu entender,
temo-nos preocupado mais em copiar soluções já
experimentadas noutros países que levam alguns
anos de avanço em termos de desenvolvimento e em
competir com empresas que dispõem de factores de
produção bem mais baratos do que os portugueses,
a exemplo da China ou então muito mais
qualificados, como é o caso dos países de Leste.
Ora no ambiente de
turbulência e mudança constante em que vivemos,
as instituições têm de enfrentar o desafio de
potenciar a adopção de práticas de
desenvolvimento organizacional, para incrementar
a sua capacidade de adaptação aos desafios e
problemas decorrentes do actual contexto
económico e social, reforçando a empregabilidade
dos seus activos e promover o crescimento
sustentado da sua organização e, por
consequência, da região onde estão inseridas.
Por outro lado,
penso que devemos procurar aquilo que é único,
distintivo na região, aquilo que se tornará um
factor de diferenciação e de competitividade,
quase impossível de copiar. Poderemos certamente
referir inúmeros exemplos, quer de produtos
alimentares, onde se poderão destacar o vinho,
os queijos ou a doçaria conventual, quer de
locais de interesse arqueológico, arquitectónico
e turístico, os quais, se devidamente
identificados, organizados e explorados, poderão
ser um importante factor para o desenvolvimento
da região.
Assim, parece-me
que o desafio deve ser enfrentado a três níveis:
1.
O da formação e qualificação dos
trabalhadores, no sentido de garantir a
apropriação de conceitos, princípios e
metodologias de abordagem e análise da situação
organizacional, para que se incremente a
flexibilidade funcional e a produtividade,
contribuindo para a
implementação de soluções de mudança sustentada,
evolutiva e participada e não imposta, nas suas
organizações.
2. O da
dinamização dos recursos endógenos da comunidade
local e empresarial do Distrito, nomeadamente
através do diagnóstico das oportunidades de
negócio e do fomento da criação de associações
complementares de empresas (ACE) e da
ligação entre os agentes de desenvolvimento
local e o sector privado.
3. O da
captação, fixação e/ou consolidação /
modernização de competências, através da
promoção do empreendedorismo e do
micro-empreendedorismo, de modo a reforçar a
competitividade do Distrito e dar resposta a
alguns dos constrangimentos com que os
promotores de empresas se deparam.
As potencialidades
do Distrito são imensas. Caberá a cada um de nós
dar um contributo para a promoção do seu
desenvolvimento. Juntos poderemos fazer a
diferença.
"Sem mudança,
algo estará adormecido dentro de nós. O que
dorme tem de despertar."
Frank Herbert
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